quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Quando a vergonha sai á rua


No dia em que a vergonha saiu á rua
Nos passos da mentira a galope do nojo
Apedrejaram o povo, cuspiram-lhe no orgulho
Fizeram da sua pele mala de estojo

Qual animal acossado o povo calou
Amordaçou a revolta, cortou as asas
Á palavra da liberdade, aplaudiu a mentira
Aniquilou o poema em rimas arrasadas

A gaivota mais não voa, nem a vinda
Da andorinha prenuncia a primavera
Espetam-lhe as esporas sangrentas
No flanco ardente em dor sincera

Viraram as costas á esperança
Á doce palavra das lembranças
E nesse poema de rimas arrasadas
Puseram-na a rimar com desgraças

Mais uma vez apelam á triste sorte
Nas rezas em volta do santuário
De branco pintado, de vergonha
O cobriram com o ouro imaginário

Sempre que a vergonha sai á rua
Apelam ao povo e cantam o triste
Fado repetido e revivido mil vezes
A um povo que assim já não resiste

Não sabem os tolos a tua sabedoria
Que és paciente nessa eterna espera
Que por morrer a errante andorinha
Não acaba nunca a primavera

Que em vez da vergonha
A revolta sairá de novo á rua
E que nessa rusga o teu grito
É o teu orgulho que se perpetua

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