terça-feira, 22 de dezembro de 2009

banda de um homem só na Baía Farta


Cai a cinza das horas nas unhas carcomidas
Por um amarelo que enegrece a aura,
Rodopia no cérebro ensimesmado
A banda da Baía Farta.
Farta de fome, farta de lixo
Farta de tristeza, farta de lágrimas
Que lhe bordeja o pranto das marés

Toca a banda a um só instrumento
O tambor a rebate, o clarinete a óbito
Toca a harpa em choro cadente
O piano marca o ritmo,
No contrapasso da desarmonia
Onde flauta roufenha é rainha.
Na Baía outrora farta
Toca a banda a um só instrumento,
Toca, toca…
Mas não toca a alma de quem se perdeu
Nos ritmos de uma banda de um homem só.

Rimas simples ao dia 26


Tempo de esquecer no mar
O ultimo raio de sol a pôr
Tempo de olhos esbugalhados
Contemplar montras com estupor

Tempo de angustia esquecida
Numa gaveta do passado,
Desaparecida na última curva
Do hipócrita alarvado.

Olhos no pinheirinho
Que é tempo de natal
Tempo de exaltar
E tomar o anti-gripal.

Aquecem-se as gargantas
Os lápis são afiados
Dá-se corda ás cantigas
Os poetas cantam exaltados

Perdigotam às criancinhas
E aos pobres sem abrigo
Lembram-se da sopa dos pobres
E outros que por fastio não digo

Aleivosias aos quatro ventos
Insultos a quem passa fome
Depois do dia vinte e cinco
Ninguém se importa com o que come