sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Janela aberta


Abres-me a janela da alma, descobres-me a centelha de um desejo amordaçado nas deambulações nocturnas onde te entranhas em mim. Caminhas ao meu lado nessas introspecções, quase te sinto a presença, adivinho-te o cheiro a flores do campo, promessa de estio manso na intimidade que me vais revelando. Sonho-te a curva do teu corpo, como regato que serpenteia monte abaixo na saciedade de terra fértil que quero ser assim ao teu lado, decoro-te de urze e rosmaninho nos cabelos que emolduram o teu sorriso límpido e cantante como a fonte de água renovadora que esmera o liso seixo numa forma lenta mas sempre nova na renovação do dia. Sabe-me a pureza, esse beijo que brota da tua fonte, como a água que escorrega pela vereda nos socalcos de teu corpo que adivinho fremente na hora em que te penso. Roubo-te a visão da tua intimidade que guardo na doce lembrança, na suave esperança que a vais querer abrir para mim na hora que marcaste para o nosso (re)encontro. E quando o teu olhar cair sobre o meu ouvirei a fonte a marulhar…serena, meiga, calar-se-ão os rufares do Minho para se ouvir o mais belo som… o silêncio puro do teu amor entoando na minha alma.

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