Tem aqui onde moro dois rios
Gosto de pensar que são meus
Corrente em constante adeus
Cada um em mil delírios
Um sempre colérico e apressado
No pino do verão, ou frio inverno
Ruge feito besta no inferno
De fragas e rochas bordejado
Outro, sempre lento e preguiçoso
Espreguiça-se campos adentro
Aos malmequeres dando alento
Para ofertar em namoro ocioso
E são os dois como essa flor
Bem me quer, mal me quer
Enfeita um namoro qualquer
Ali nas margens em puro ardor
Gosto de me pensar na intersecção
Dos rios em encontro controverso
Meus sentidos em puro reverso
Agridoce sentimento de invasão
Confluências do “eu” cínicas e puras
Um terno, outro contrabandista
De espólios certos em entrevista,
Colóquios e introspecções duras
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