terça-feira, 5 de maio de 2009

Diário de Bordo II







Já fui cardume em correria
Pelos rápidos deste rio,
Roí as malhas da paciência
Deste rede que me estenderam
Não quis virar a própria corrente,
Virei peixe em sentido ascendente
Vogo agora em contra ciclo,
Subo o rio, liberto do estuário
Da foz que todos partilham.
Vou subindo, espartilhado
Pelas margens que afunilam
Em direcção á nascente,
Alheio á força em sentido descendente,
Faço dos predadores que me buscam
De dente em riste, e garra afiada,
Da guerra que lhes enceto
O mote da minha viagem.
Peixe alado contra as levadas
Determinado e consciente,
Antes morto nesta subida
Que vivo na temperança complacente.

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