Na rua escura frio estava
A neve não parava de cair
O vento sempre a fluir
Tão forte que a roupa furava
-Quem quer fósforos baratos?
Assim a menina apregoa
Antes que a alma lhe doa
Aos transeuntes ingratos
De pobres chinelos calçados
Entretanto por ali perdidos
Algures na neve escondidos
De lindos cabelos encaracolados
Sua pele de frio roxa
Emprestava-lhe mais beleza
Lábios carmins, olhar de pureza
Vestido que não lhe tapava a coxa
Mas o dia corria-lhe mal
Cheia de fome abandono e frio
Em longo e triste delírio
Aconchegou-se num beiral
Para casa assim não iria
Sem os fósforos vender
O pai irado ia-lhe bater
Ainda mais dor padeceria
Moravam em água-furtada
Frio e chuva por todo o lado
A mãe, tinha-se libertado
Pela lei da morte arrancada
Precisava a menina de calor
Tremente de frio e tristeza
Vivendo na triste certeza
De uma vida em constante dor
Decidiu um fósforo acender
Uma chama acesa e acolhedora
Olhada assim em ar de sonhadora
Naquela luz conseguiu ver
Uma linda lareira refulgente
Onde ardia uma linda chama
Ia sair pelo calor daquele drama
Aquecer-se na luz incandescente
Mas o fósforo logo apagou
Voltou a menina a tiritar
Daquele frio de rachar
De outro fósforo se lembrou
Logo uma mesa lhe apareceu
Em toalha alva contra a luz
Uma mesa de comida que reluz
Que belo manjar lhe apeteceu
Quando ia para comer
E a longa fome matar
A barriga da miséria tirar
O fósforo deixou de arder
Rápido, a menina outro acendeu
Apareceu a avó em aura de felicidade
Com seu olhar perene de caridade
-vem! - Disse, e o braço lhe estendeu
A menina deu-lhe logo a mão
Antes que o fósforo apagasse
E a sua avó também levasse
A felicidade do seu coração
Tomou a neta em seus braços
E levantando da terra os pés
Assim sem mais demoras nem revés
Fizeram das nuvens doces enlaços
Voaram num rasto de luz e cor
Assim de repente sem mais dor
As duas abraçadas em puro ardor
O céu curvou-se ao seu esplendor
Nasceu o dia o cadáver ignorando
Da menina que ainda sorria
Da morte que já não padecia
De merecido descanso gozando
A neve não parava de cair
O vento sempre a fluir
Tão forte que a roupa furava
-Quem quer fósforos baratos?
Assim a menina apregoa
Antes que a alma lhe doa
Aos transeuntes ingratos
De pobres chinelos calçados
Entretanto por ali perdidos
Algures na neve escondidos
De lindos cabelos encaracolados
Sua pele de frio roxa
Emprestava-lhe mais beleza
Lábios carmins, olhar de pureza
Vestido que não lhe tapava a coxa
Mas o dia corria-lhe mal
Cheia de fome abandono e frio
Em longo e triste delírio
Aconchegou-se num beiral
Para casa assim não iria
Sem os fósforos vender
O pai irado ia-lhe bater
Ainda mais dor padeceria
Moravam em água-furtada
Frio e chuva por todo o lado
A mãe, tinha-se libertado
Pela lei da morte arrancada
Precisava a menina de calor
Tremente de frio e tristeza
Vivendo na triste certeza
De uma vida em constante dor
Decidiu um fósforo acender
Uma chama acesa e acolhedora
Olhada assim em ar de sonhadora
Naquela luz conseguiu ver
Uma linda lareira refulgente
Onde ardia uma linda chama
Ia sair pelo calor daquele drama
Aquecer-se na luz incandescente
Mas o fósforo logo apagou
Voltou a menina a tiritar
Daquele frio de rachar
De outro fósforo se lembrou
Logo uma mesa lhe apareceu
Em toalha alva contra a luz
Uma mesa de comida que reluz
Que belo manjar lhe apeteceu
Quando ia para comer
E a longa fome matar
A barriga da miséria tirar
O fósforo deixou de arder
Rápido, a menina outro acendeu
Apareceu a avó em aura de felicidade
Com seu olhar perene de caridade
-vem! - Disse, e o braço lhe estendeu
A menina deu-lhe logo a mão
Antes que o fósforo apagasse
E a sua avó também levasse
A felicidade do seu coração
Tomou a neta em seus braços
E levantando da terra os pés
Assim sem mais demoras nem revés
Fizeram das nuvens doces enlaços
Voaram num rasto de luz e cor
Assim de repente sem mais dor
As duas abraçadas em puro ardor
O céu curvou-se ao seu esplendor
Nasceu o dia o cadáver ignorando
Da menina que ainda sorria
Da morte que já não padecia
De merecido descanso gozando
muito bom este texto e emocionante.
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