quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Em terra de cegos...


Saiu do restaurante com a moça
Enfardado em arroz de tamboril
Entremeado por duas garrafas de branco
Apalpou-a ali mesmo contra o peitoril

Da janela envidraçada de preto fosco
Servia de espelho para se ver, e ver
Os peitos da moça esmagados
Contra a vidraça, o rosto a perecer

De prazer incontido ali mesmo, ao frio
O moço por trás fazia o que lhe competia
Num ir e vir de ancas e gemido abafado
Agarrando-lhe o lombo enquanto a comia

Do outro lado da tasca não sabiam
O vidro era transparente e todos viam
O moço a cavalgar a moça para fugir ao frio
E era de tal maneira que já os suores desciam

Senhoras envergonhadas tapavam os olhos
Cavalheiros lúbricos deitavam o olho
Mas todos queriam mesmo era ver
Até o patrão que era zarolho

Mas não era burro, gabava-se
O proprietário que manda parar
Os empregados que corriam
Para o festim erótico acabar

- Que ninguém os incomode
Que amar não é contra a lei
Aumenta-se a conta das mesas
Que eu aqui sou dono e é que sei

Que em terra de cegos
Quem tem um olho é rei
Por conta do espectáculo
Mais dinheiro farei

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