quarta-feira, 8 de julho de 2009

poema sem pontuação, nas margens do perfeito.

Eu quero o poema perfeito,
O poema declamado de rua em rua
Nas vielas e ruas escuras
Nos salões e palacetes
Quero-o até nas casas de putas
Onde o verbo no infinito
Rima com a palavra foder
Eu quero um poema sem rimas
Sem margens e marginalizado
Que cante o amor clandestino
A liberdade de boca em boca
Quero-o na boca da parteira
Que desentranha a vida
Na boca do coveiro
Que a entranha na terra escura
Eu quero um poema sem vírgulas
Nem pontos finais quero-o…
Porque sim…
Quero-o na mão que estende a esmola
E na mão que a recebe
A generosidade da palavra
No palato da sopa dos pobres
Quero o poema na chama da lareira
Quero-o no zurzir do vento norte
Quero-o no estupor da criança
De esperança estropiada
De arma á bandoleira
Quero o poema perfeito
Arma de sempre
Em desenhos de cavernas
Porque em cada linha
Ainda que corrida
Eu leio o poema da vida
Umas vezes triste, outras alegre
Mas o poema perfeito
É a alma que se desenha
E em cada alma escriturada
Sou eu que renasço
No prazer de a descobrir

1 comentário: