quarta-feira, 13 de maio de 2009

Inutilidades


O dia caiu maduro coberto pela noite
O sol pôs-se nesse dia a nascente
Na elipse que descreveu, prometeu
Nascer no outro dia a poente

Os rios viraram ao contrário
Inverteram o sentido da corrente
Começaram a nascer no mar
E a desaguar na ínfima nascente

A lua envergonhada não mais namorou
De lua cheia virou quarto crescente
E veio para quarto minguante
Perdeu o brilho de beleza aparente

Secou o mar e secaram as fontes
Secou o brilho dos teus olhos salgados
Vencidos pela força da intempérie
Cristalizaram lábios outrora molhados

A vida deixou de se chamar assim
Na impossibilidade da morte
Sem sentido, existência inútil
À vida passou-se a chamar sorte

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