quarta-feira, 11 de março de 2009

Não choro pelo teu fado


Amordaça-te o corpo essa dor
Mas corre-te veloz nos meandros da alma
O grito que exalas nos confins do sentir
Lá onde o verso te sai em serena calma

Morre-te os olhos na neblina
Luz de vela agitada pelo vento
E cantas a morte, arrenego
Da vida que sentes como tormento

Não queres que chorem pelo teu canto
Queres que te bebam sem lamento
Bebo-te em vida o versejar
Ora alegre, ora triste, suave e lento

E pergunto-te eu… Deixas?
Quando rompeste da tua mãe as coxas
Quem te prometeu o arco-íris
Nesta vida matizada de cores negras e roxas?

A vida é a tua guerra, aquela que vencerás
Ainda que na refrega da batalha
Te sintas vencido, mas renascerás
E só vencedor te enrolarás na mortalha

Que com certeza a hora a ti chegará
De a ela te aconchegares na inevitabilidade
Do tempo, que sereno te abraçará
Nesse ir e vir, do ser a sustentabilidade.

E quando chegar já lhe conheces o hálito
Serás velho, cansado e feliz vestes-lhe o hábito.

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