Cá temos mais um dia grande
Do nosso calendário gregoriano
O da mulher este, que pela grandeza
Não merecia este dia semi-mariano
Comem-lhe os ossos no colchão
Estatelada por marido bruto
Vive os dias entre panelas
Com medo do estalo abrupto
Apara buço farfalhudo
Á luz do sol do meio-dia
Fá-lo com pinça romba, sem dinheiro
Para estética nem fisioterapia
Não põe silicone nas mamas
Nem alteia o outrora lindo cu
Amamenta a prole benzida
Por padre de preto como belzebu
A hora social condiz com a do peixeiro
Com gaita estridente anuncia peixe fresco
Acorrem todas, vizinhas para comprar
Chicharros e outros do mesmo parentesco
E ficam ali na conversa demorada
Limpam o ranho aos putos com avental
E demoram na treta, tanto que lhes mela
As fanecas embrulhadas em jornal
É ao toque do sino da igreja
Que desperta da conversa
De uma princesa qualquer
Que ficou pobre ou vice-versa
Merecia a glorificação diária
A mulher que trabalha e sua
Que ama sem ser amada
És dona e senhora, até da lua
Mulher que podes ser Maria
Catarina, Rita ou até Ana
Teu nome a mim não importa,
És mãe de toda a raça humana
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