sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O Velho velho


Em pontão de cais
O velho espreita o mar
Cara ao vento, cabelo ralo
De cor salgada, olhos de profundidade
Da morte que não dos peixes
Espeta o anzol do olhar
No horizonte de mar mal agradecido
Nesga de pão duro
Que os dentes já não mastigam
Mas que a mesa precisa
Vazia de pão, cheia de fomes
Cansadas de o ser, de crianças
Velhas como o velho
Que já nasceu velho.

E debruça mais um pouco
O olhar, o velho em busca
Que não de peixes
Fétidos e fedidos
Cheiro nojento que respira pelos ossos
Busca pão no anseio do milagre
Que aprendeu quando era criança velha,
Filho de um velho que nasceu velho

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