segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Masturbação


Há dias que me sinto assim, enroscado…
O corpo arqueia-se num gemido interno sem que eu queria, sem me obedecer as mãos procuram, tacteiam no vazio, cruzo-as de encontro ao peito, e deixo que as pálpebras se cerrem, onde concentrado no som do silencio que me invade enceto a busca pelo universo da minha cama vazia, mesmo sabendo que não te encontro ali. Procuro-te entre lençóis de cio que me aconchegam a saudade mas não mitigam a tua falta. Deixo que a luz ondulada entre as persianas da janela me lembrem o raiar do teu sorriso, que esse lusco-fusco me traga a carícia do teu cabelo solto que me vem lamber a pele quando te debruças sobre mim.
A minha cama é agora um universo, um paroxismo matizado de sol e suor, declaro guerra á lua, afundo o rosto na almofada dos teus seios, tuas nádegas redondas a colcha perfumada em lavanda colhida nos mais puros regatos, em cujo trinar descubro o gemido que me soltas quando te arqueias de encontro a mim, teu ventre pulsante e pungente, ávido e oferecido na penumbra do desejo.
És sal és água, esporeada nos flancos és égua em disparada nas margens do meu leito, teus lábios carmim pulsam a cada arremetida do cerne da nossa luta, meu desejo sempre inacabado, meu desejo sempre adiado…penetro-te a noite, busco a alvorada.

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