sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Este nosso chão


Numa noite destas, num tempo que não foi, mas podia ter sido pelo tanto que é desejado, vi teus olhos no quarto crescente dos meus desejos. Cada botão da tua blusa estrela cadente testemunha dos meus desejos, de lua cheia que descubro no despontar dos teus seios acariciados pela luz parda. O marulhar do rio ali ao pé, trouxe-me á mente colírios húmidos que senti nas pontas dos dedos na derradeira transgressão da última estrela que atingi. O teu corpo arqueante e arfante uiva entre ancas de encontro ao meu desejo entumecido a que te agarras na vontade de vislumbrar estrela polar em pálpebras cerradas. Tua língua procura a minha com a sede de um rio seco que corre ligeiro em direcção á foz…com sede de mar… que a tua vista já alcança nesse mutismo gemido que me sussurras quando desfloro o teu desejo á muito prometido. A madrugada já vai alta numa abóbada onde ecoam os teus gemidos, no silêncio que já não queres. Teu corpo curvado e complacente na ânsia do meu, faz de ti fêmea receptiva da minha oferta que queres não mais recusar. Cai a madrugada nesse pedaço de chão em que és minha, a lua como testemunha anuncia o sol da nossa existência…

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