quinta-feira, 23 de julho de 2009

Mushimá uêlê


Vou cumprir a promessa que te fiz
Ainda pequenino e de malas aviadas
De um dia te voltar a abraçar,
Renovar as esperanças entretanto goradas

Trazia nos olhos a espuma das cataratas,
Kwanza em queda abrupta na Duque de Bragança
Nas narinas o cheiro do capim do Cacuaco
E a velha estrada do Caxito, ainda na lembrança.

O velho embondeiro que servia de forte
Estará ainda lá orgulhoso e altaneiro?
Será ainda a testemunha silenciosa
Da flor que lhe roubei prazenteiro?

Para colocar nas missangas às cores
Que adornavam as tranças
Finas e meticulosas da namorada
Morena, que decorava as minhas lembranças.

Quero percorrer os teus caminhos,
Aferir do quanto envelhecemos
Longe um do outro, mas porém perto
Porque juntos esse caminho percorremos

Dir-te-ei da saudade, dir-me-ás das dores
Que entretanto sofreste, espúria e esventrada
Afagarei o teu chão, sorrirei ao teu povo
Dar-te-ei a mão, quando olhar a velha estrada

Lá longe, sem fim à vista, como o amor que te tenho.

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